domingo, 16 de outubro de 2011

U Q T MOV?

O vício, o ócio, o ofício
Início.
O querer, a sede, a fome
E algo que não tem nome.
Move mente!
Movimente-se!
Medos, membros, música
Mover corporalmente.
O que me move, remove.
A busca incessante
A falta de algo
O excesso de tudo
O Movimento é constante.
A água que corre
O suor que escorre
O amor que morre
O recomeçar socorre.
O que me move?
Instintos, sonhos, desafios
Viver, morrer
Renascer a cada amanhecer.
Pensar, agir, reagir, corrigir
O que me move é não descobrir.
Experimentar, vivenciar, degustar,
Olhar, tocar, amar.
Busco provas de que vivo.
Quando tudo parecer cessar...
As cinzas, o vento, movimento.
Movida, removida, promovida
Às lembranças de amigos.
Na carne ou na alma
Nunca pararei
O que me move?
Tudo e nada em mim
Enquanto assim for e para sempre
O movimento não terá fim.
                                             Em 2011

Amor só dura em liberdade

Amo-te
Contudo és livre para voar
Para que semeies terras com tuas brilhantes ideias
Para que coloras céus com teu mais belo sorriso
Para que encantes ouvidos com tuas doces canções
E para que me tragas a mais estúpida alegria
Quando tu voltar.
                                                               Em 2010

Relatos de uma Madrugada


Cá estou... Nos confins da madrugada
Que me aprisionam ao silêncio, solidão, insônia
Escrava da minha ânsia, porém senhora dos meus pensamentos
Por fim, torno-me amante de um caderno
Pois é só o que me resta, só este me suporta
Numa dança de palavras e ideias
Quase que ao mesmo tempo ato-me e desato-me
De cada uma delas
Mas logo a inércia vem
Vem me dar seu colo
E como quem protege a sua cria
Tenta enfrentar as inquietações
Que turbilham na minha mente
Porém, para minha surpresa...
O silêncio torna-se submisso ao som do vento
Que com total arrogância e prepotência
Liberta-me deste estado de torpor
Trapaceiro e egoísta como é
Por segundos me confunde e me distrai
Fingindo ser as ondas quebrantes do mar
E num estalo tenho meu pensar e atenção
Que antes não eram mais de ninguém
Agora são todos para si.
                                                            Em 2010

Mão Única

De hoje em diante
Só me deixarei cair em deleite
Nos lábios daquele que
Num pequeno deslize
Se mostre ao menos,
Já que não por mim,
Apaixonado por meus vícios, manias, tolices, cacoetes...
Do contrário continuarei...
Continuarei a compartilhar da dor
Atuando como transeunte e expectadora
Nas trilhas percorridas por aquelas
Pobres, famintas, sedentas
Que nas armadilhas do romantismo
Deixam-se ludibriar por paixões
De mão única.
                                              Em 2010

Cansei!


Cansei deste mundo cheio, onde o vazio preenche esses corpos fechados e ocos
Cansei de ser esta pessoa que está onde não quer estar e quer estar em todo lugar
E pensar que eu pensava que grandes problemas eram as equações de segundo grau
Hoje percebo que os obstáculos que parecem ser insuperáveis, se superam cada vez mais
Ser ou não ser, eis a questão?
Já dizia um desses caras que foram imortalizados
Pois eu escolho ser...
Ser essência, ser intensa
Ser um nada em tudo,
Ou tudo em nada

E sempre no extremo caminho
Afinal, para que ser meio se pode ser inteiro?
E se as pessoas não são assim,
Eu me indago o porquê
O porquê de haver tantos porquês
O porquê de não saberem viver
Sou como a ponta de um iceberg
Pronta para estar lá... De pé...
Fria diante dos atos mundanos e insanos,
Mas também pronta pra cair
Na imensidão desse mar gelado
Que é a vida.
                                               Em 2007

Se amar é...

Se amar é morrer
Então menos dolorosa
A morte será se for hoje
E pior será se algum dia
Morrer de ódio por ter amado tanto
Se amar é sofrer
Quereis ter um coração de pedra
Pra que possas atirar
Naqueles que te machucam
Se amar é muitas vezes se sentir só
Então de que vale ter mais alguém?
Se amado e não estás feliz
É porque não nasceu para ser
Ou quem diz que te ama
Não soube fazê-lo
Se o amor te preenche
E ao mesmo tempo te deixa vazio
Então é porque já se anulou
O amor é uma chama
Mas como toda chama, chama
E é fácil de se apagar
Difícil ficará acesa
Pois amar é se amargurar

                             Em 2007